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Guarda João Paulo Borges Coelho, Rainhas da noite

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Academic year: 2021

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I raccomandati/Los recomendados/Les recommandés/Highly recommended

N. 20 – 11/2018 312

João Paulo Borges Coelho,

Rainhas da noite

(Alfragide, Editorial Caminho, 2013, pp. 373, ISBN 978-972-212-652-6)

por Francesca Santoro

Partindo do artifício literário do achamento dum diário, o romance divide-se em duas partes: por um lado, quanto narrado no mesmo diário em relação às histórias que se entrelaçam à volta da mina de Moatize e da Casa Quinze, contadas por Maria Eugenia, mulher do engenheiro Murilo, que chega nesse lugar que lhe parecia o inferno para estar ao lado do marido. Pelo outro lado encontramos as notas do narrador/autor que, desde as reflexões sobre o texto até as pesquisas, acabam por criar uma história paralela e complementar à de Maria Eugénia, criando assim uma nova perspetiva sobre os personagens apresentados no diário.

A controladora Annamarie Simons, a excêntrica Suzanne Clijsters, a misteriosa Angès Flink, e depois Travassa Chassafar, protagonista físico das duas historias, testemunha pelo narrador e criado na casa de Maria Eugénia; o doutor Mascarenhas, bode expiatório das vidas e das mortes à volta da mina, o malvado inspetor Cunha: cada um dos personagens é fundamental pelas narrações, mas são as mulheres as verdadeiras protagonistas.

Maria Eugénia é a voz do diário, o contado é a sua perspetiva de mulher num contexto dominado por homens, num mundo no qual “as grandes decisões eram sempre

discutidas entre homens, não com uma mulher”. O título do livro pode-se entender como

uma homenagem para elas: se fica clara a referência à flor típica da região que só desabrocha quando começa a anoitecer e que enche o ar de perfume, é claro também o tributo às mulheres da história: elas são as rainhas da noite, que obrigadas a uma vida de

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submissão aos maridos, à casa e à cura dos filhos, encontram a evasão na obscuridade, no escondido.

Assim como a flor é uma cactácea de ciclo de vida perene, o mesmo acontece com as mulheres de Moatize, uma continua a vida da outra, continua o seu recorrido; um exemplo disso é a memoria de Angès Flink que fica tão oprimente ao ponto de influenciar as vidas de todas, a de Suzanne que terá um ataque de nervos e a da protagonista, de Maria Eugénia que, sem a ter conhecido, quer vingar a sua memoria.

Entre as muitas temáticas que o texto propõe como ponto propõe como ponto de reflexão, é interessante notar no texto a sua visão dupla dos acontecimentos: por um lado uma visão pessoal, subjetiva por dentro dos episódios, pelo outro um ponto de vista racional, científico como só pode ser o olhar dum historiador como João Paulo Borges Coelho. Neste sentido, as duas histórias desenrolam-se a partir duma busca: a tentativa de Maria Eugénia de encontrar informações em relação ao passado de Moatize e em particular ao destino de Agnès Flink, e a busca do narrador caraterizada por uma curiosidade quase obsessiva de ir muito ao fundo dos fatos, além da subjetividade da voz de Maria Eugénia.

É aqui que podemos ver os jogos de poder que são explicados em diferentes etapas da narração, quase como numa hierarquia: no princípio temos o poder de Annamarie Simons, a sua vontade de controlar todo ao ponto de ter espiões, como Travassa Chassafar na casa de Maria Eugénia; será, depois, ela mesma a ter a possibilidade de impor a sua perspetiva no ato de escrever o diário. Da mesma forma o poder passa nas mãos do narrador que, repercorrendo o caminho das memorias contadas e reconstruindo a história, detém os fios para que quanto escrito no diário fique no tempo.

Com uma escrita clara e linear, João Paulo Borges Coelho nos conta duas realidades distintas, mas estritamente relacionadas, com uma incrível capacidade de se disfarçar sob um olhar diferente segundo o momento da narração e, também, com a habilidade de juntar no mesmo texto descrições cinematográficas da paisagem de Moçambique, monólogos interiores dos seus protagonistas e reflexões afiadas.

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Francesca Santoro

Università degli Studi di Milano [email protected]

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