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A doçura do Salesiano 7)

Nel documento PADRE PAULO ALBERA (pagine 194-198)

TEXTOS SELETOS DO P. PAULO ALBERA

7. A doçura do Salesiano 7)

Ao dispor-me a escrever-vos sobre este argumento que, como sabeis, tem uma importância capital, e é a conhecida característica do espírito de Dom Bosco, atirei-me aos pés de Jesus e pareceu-me ouvi-lo dizer-me:

Discite a me quia mitis sum et humilis corde [Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração] (Mt 11,29): aprendei de mim a ser mansos e humildes de coração. Vamos então à sua escola e acolhamos seus ensina-mentos e exemplos. (...)

Nós conseguimos formar com certa facilidade a ideia do que seja a doçura, mas encontramos grave dificuldade em tentar defini-la. As palavras com que gostaríamos de revestir os nossos pensamentos, têm sempre alguma coisa de incompleto e de pouco preciso, de modo que quase nunca terminam por satisfazer-nos. Há, por exemplo, quem a definiu como uma inclinação do caráter, pela qual se cede com certa complacência, mas sem se humilhar, à vontade dos outros.

Ora, quem não percebe que nesta definição nem se acena à auréola, eu diria divina, que envolve o vulto de uma pessoa, talvez pobre de qualidades exteriores, mas que tem a felicidade de praticar habitualmente a doçura?

Nada se diz desse esforço, que eu qualificaria como heroico, que é neces-sário em muitas ocasiões para dominar a vivacidade do temperamento, para reprimir qualquer movimento de impaciência e também aquela indignação, que às vezes parece santa, justificada pelo zelo e autorizada pela gravidade da culpa. Aqui nem se acena àquela virtude tão rara, que impõe um freio à língua e que não lhe permite pronunciar nem mesmo uma palavra que possa desagradar à pessoa com que se está relacionando.

Além disso, parece que não deveria faltar, numa definição da doçura, um aceno àquele olhar sereno e cheio de bondade, que é o verdadeiro e límpido espelho de um ânimo sinceramente doce e unicamente desejoso de tornar feliz a pessoa que se aproxima.

Muito mais completa é a definição de São João Clímaco (Grad. XII), segundo o qual, a doçura é a disposição pela qual o espírito permanece sempre igual, na honra e no desprezo, nos sofrimentos e nas alegrias. Com essas expressões, o santo compara muito eficazmente o homem suave a um escolho que, emergindo acima do mar, resiste à fúria das ondas, de modo que estas vêm quebrar-se aos seus pés, sem nunca conseguir arrancar nem mesmo um grão daquela rocha indestrutível de que é composto.

7 Da carta circular Sobre a doçura (20 de abril de 1919), em LC 280-283, 288-291.

Textos seletos do P. Paulo Albera 193

Esta é a doçura e a mansidão praticada por muitos santos que Deus quis afinar na virtude, fazendo-os passar através de gravíssimas tribulações.

Talvez ele não mande provas dolorosas para vós todos, caríssimos irmãos destinados pela obediência ao exercício da autoridade nas nossas casas;

mas certamente exige que vos mantenhais calmos, suaves e sempre donos de vós mesmos ao dirigir os vossos dependentes, corrigir os seus defeitos, suportar suas fraquezas: o que é tanto mais difícil e meritório enquanto deverá ser esse o vosso trabalho no dia-a-dia, aliás, em cada momento.

Sem número são as misérias humanas, e não é possível que elas não sejam sentidas também nas próprias comunidades religiosas, por mais que seus membros estejam animados pela maior vontade de tender à perfeição;

entretanto, quantas se poderiam evitar ou ao menos diminuir, se em quem dirige houvesse sempre doçura de palavras e suavidade de modos!

Para nos persuadirmos desta verdade basta que alguma vez entremos em nós mesmos, perguntando-nos como gostaríamos que fossem os nossos superiores. Como ajudaria se nos colocássemos no lugar dos nossos irmãos e deixar-nos penetrar pelos seus pensamentos e sentimentos! Como seria útil a nós mesmos e ao nosso próximo recordar e praticar a máxima da caridade cristã, de não fazer nem dizer aos outros o que não gostaríamos que não fizessem a nós ou dissessem de nós!

Esta reflexão afastaria da nossa mente as tentações do orgulho que poderiam nascer por causa do cargo honorífico de que estamos revestidos;

haveria de salvar-nos do perigo de comprazer-nos com as manifestações de respeito e de veneração que os nossos dependentes creem serem obri-gatórias para com os seus superiores; numa palavra, nos inspiraria sempre mais a caridade e a doçura que torna tão bela e alegre a convivência dos irmãos na mesma casa. De tudo isso compreende-se como tinha razão o nosso São Francisco de Sales quando escrevia que “a doçura é a mais excelente das virtudes morais, porque é o complemento da caridade, a qual precisamente é perfeita quando é suave e ao mesmo tempo vantajosa para o nosso próximo».

Quem é posto à frente dos seus irmãos recorde-se de que especialmente a ele foi confiada a atuação da solene promessa de Nosso Senhor Jesus Cristo de dar aos religiosos desde esta vida o cêntuplo do que abandonaram no mundo para segui-lo.

É o superior que, com todas as iniciativas da sua paterna e inexaurível bondade, deve fazer de tal modo que as vantagens da vida religiosa, tão decantadas nos livros, não pareçam pios exageros, sedutores enganos tendidos à credulidade das almas simples e cândidas.

Sem dúvida, a isto se voltava o pensamento do nosso venerável Fundador e Pai, quando escrevia as áureas páginas que precedem as nossas Consti-tuições; certamente para ele seria um doloroso desmentido o Diretor ou Superior que por falta de doçura não oferecesse aos irmãos confiados aos seus cuidados o conforto que deles esperam. (...)

Falando, porém, de doçura, poderíamos esquecer o título de “Sale-sianos” que temos a alegria de usar? Esse nome, atualmente conhecido em qualquer parte do mundo e rodeado de tantas simpatias, recorda-nos como o nosso venerável Fundador e Pai, não sem razão, escolheu São Francisco de Sales como protetor da Pia Sociedade que devia iniciar. Profundo conhecedor da natureza humana, ele compreendeu desde o princípio que nesses tempos atuais, para fazer o bem, era preciso encontrar o caminho do coração. Por isso estudou com particular empenho e amor as obras e os exemplos desse grande mestre e modelo da mansidão e procurou seguir suas pegadas praticando a doçura.

Aliás, uma voz bem mais autorizada lhe tinha imposto que praticasse a doçura. Naquele sonho que fez à idade dos nove anos, pareceu-lhe ver uma grande multidão de jovens que brigavam entre si até chegar às vias de fato: blasfemavam e tinham más conversas. Levado pelo seu temperamento sanguíneo e explosivo, o menino teria querido impedir todo aquele mal, servindo-se de fortes chamadas de atenção e até mesmo de pancadas.

Mas aquela voz disse-lhe que não era este o meio pelo qual conseguiria seu intento, e o convidou a voltar-se para uma grande senhora (Maria Santíssima), que haveria de ensinar-lhe o modo mais eficaz para corrigir e tornar melhores aqueles moleques. Todos sabemos que este meio não era outra coisa senão a doçura: e Dom Bosco ficou tão persuadido disto, que logo começou a praticá-la com ardor, e se tornou um verdadeiro modelo.

Todos os que tiveram a felicidade de viver ao seu lado testemunham que seu olhar era cheio de caridade e ternura, e que precisamente isto exercia sobre os jovens um atrativo irresistível.

De índole intimamente boa, ele demonstrava estima e afeto para com todos os seus jovens, disfarçava seus defeitos, falava elogiando-os; de tal modo que cada qual pensava ser seu melhor amigo, eu diria, o seu predileto. Para aproximar-se dele não era necessário buscar o momento mais propício, nem se precisava recorrer a alguma pessoa influente para fazer-se apresentar. Ouvia a todos com paciência, sem nunca interromper e sem demonstrar pressa ou tédio: tanto que muitos pensavam que ele não tinha nada para fazer.

Quando recebia o rendiconto de algum irmão, longe de aproveitar dessa

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ocasião para chamar-lhe atenção (por mais que fosse merecida) e fazer severas correções, não visava outra coisa senão inspirar-lhe confiança e animá-lo a melhorar para o futuro o próprio comportamento.

Um nosso ótimo colega contava que, deixando-se impressionar pelas qualidades intelectuais e exteriores de um seu aluno, se tinha afeiçoado a ele a ponto de perder a paz e ter a consciência perturbada. Decidido por fim, não sem pena e com grande esforço, a comunicar tudo a Dom Bosco, apresentou-se a ele com o rosto afogueado e os lábios tremendo e lhe manifestou o estado de sua alma. De quando em quando ele olhava para o venerável Pai, temendo que ele se maravilhasse e se sentisse desgostoso pelo que ouvia; mas sempre via que seu semblante era igual e sorridente.

Quando terminou seu rendiconto, esperava uma dura e justa reprimenda;

ao passo que ouviu palavras muito doces, que permaneceram sempre impressas no coração e na memória; ele as repetia a mim, exaltando a bondade do venerado superior.

“Caríssimo – disse-lhe Dom Bosco – eu percebia muito bem que você se tinha afastado do bom caminho e receava muito pela sua vocação; mas agora você veio espontaneamente revelar-me suas penas; este seu rendi-conto sincero afugenta da minha mente todos os temores; a confiança com que me falou me faz esquecer todo o seu passado, aliás, torna ainda mais vivo meu afeto por você. Portanto, coragem, Deus o ajudará a perseverar nos seus bons propósitos”.

Não é preciso dizer que esta linguagem realmente paterna fez um bem imenso àquele irmão, que até a morte se manteve fiel às suas promessas, e trabalhou muito para a própria santificação e a salvação das almas. Oh!

Se as paredes do modesto quarto de Dom Bosco pudessem falar, quantos milagres nos revelariam operados pela sua doçura e afabilidade!

Costumamos chamar heroicos os anos em que Dom Bosco e os seus primeiros filhos tanto tiveram que sofrer e trabalhar. Pois bem, o que tornava tão corajosos e constantes na sua vocação aqueles jovens clérigos e coadjutores, que inclusive deviam vencer muitas dificuldades para perma-necer com Dom Bosco? Era a palavra sempre doce e encorajadora do nosso venerável Pai. Ele se dizia feliz por ser rodeado por tais filhos, e nós consi-derávamos ser uma glória sermos chamados filhos e colaboradores de tal Pai.Quando ele nos propunha algum trabalho, mesmo pesado e repug-nante, quem teria ousado dizer não a ele, que o solicitava com tanta graça e humildade?

Persuadamo-nos muito bem disto: segundo o pensamento do nosso

venerável Pai, o verdadeiro segredo para conquistar os corações, a qualidade característica do Salesiano consiste na prática da doçura.

Nel documento PADRE PAULO ALBERA (pagine 194-198)