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Caminho que conduz ao amor

5. Virtudes e valores básicos da vida espiritual

5.2 Caminho que conduz ao amor

O itinerário espiritual que Dom Bosco e seus filhos percor-reram foi o do amor a Deus e ao próximo, e o da liberdade de espírito que este amor gera, fazendo do discípulo, filho e amigo do pai.

Em São Francisco de Sales a inspiração fundamental estava na caridade, que é o amor que se transforma em união incan-descente com Deus, ou devoção. É esquecimento de si mesmo e acolhida, benignidade e misericórdia para com o próximo.

Substitui-se ao temor e ganha com a bondade os corações humanos. Purifica os sentimentos com seu fogo e consome os próprios egoísmos.

Propor o caminho do amor é propor a santidade, diz o santo.

Porque quando há só o amor chegou-se à plenitude da vida cristã, como escrevia São Paulo aos Romanos (13,10).

192 Ramón Molina Piñedo, San Benito: fundador de Europa. Madri, BAC, 1980, p. 103.

Por outra parte, a caridade, esse amor em brasa viva, se chega a ser amizade espiritual, torna-se ajuda recíproca e um caminhar juntos que supera, pela própria índole dessas relações entre amigos, o ordinário conceito de direção espiritual no qual se subentendia, em outra época, uma atitude diretiva e uma sujeição vertical do inferior ao superior.

Esse modelo já caducou. Atrofiava o exercício da própria racio-nalidade e do discernimento mesmo, deixando as orientações e o momento decisório aos cuidados do diretor e assumindo o dirigido ou dirigida uma atitude de dependência formalista e servil. É um tema tratado com autoridade por analistas da vida religiosa, como Mariano Martínez na revista Vida Religiosa, de Madri.193

Tanto na Introdução à vida devota, que trata da maneira de empreender o caminho da caridade, como no Tratado do amor de Deus, fala-se dessas experiências típicas da vida cristã e da santidade. Porém, neste último, se tirarmos as disquisições teológicas sobre o amor, o espírito do livro tem como centro o fazer a proposta universal de santidade, que é a proposta de viver a caridade com apaixonado ardor apostólico. A obra termina contemplando, na paixão e morte de Jesus Cristo, a plenitude da experiência cristã, quando o Senhor chegou a dar sua vida por nós numa suprema expressão de amor.194

Então o amor, como caminho de perfeição, levava em seguida à correção dos hábitos negativos e das faltas e, contrariamente a estes, induzia à oração, à observância do dever, à experiência da entrega

193 Mariano Martínez, Vida Religiosa, 1 [1992] outubro, p. 324-325. Esses te-mas estão tratados no capítulo “El discernimiento comunitário y la teologia comunional”. In: Fernando Peraza Leal, Discernimiento, asesoría, animación y dirección espiritual. 3ª ed. 2007.

194 Quanto ao tema da espiritualidade de São Francisco de Sales, ver: André Rivier, Francesco di Sales. Un dotto e un santo. Milão, Jaca Book, 1994, ca-pítulos 10 e 12; do mesmo autor, San Francesco di Sales, Turim, LDC, 1967, p. 47-48. Ver ainda: “La dottrina spirituale di Francesco”, p. 68-70; “L’amico delle anime e ‘Introduzione alla vita devota’”, p. 81-85; “Trattato dell’amore di Dio”, p. 85-89.

de si aos demais, à resposta generosa às inspirações de Deus que marcava a novidade, o ritmo e a direção da caminhada.

Por outra parte, o projeto educativo global abarcava tudo o que concorria para criar um ambiente de vida tecido de realismo, de afeto, de interioridade e de alegria. Assim se viviam o estudo, a aprendizagem de uma arte, as obrigações cotidianas da vida do Oratório, seus horários e as exigências disciplinares básicas.

A presença educativa (assistência) como proximidade, escuta, ajuda, conselho, paternidade, coparticipação, familiaridade, amizade! A experiência amorosa de Deus na oração pessoal, nas assim chamadas práticas de piedade e nas celebrações festivas!

A liberdade de saltar e de correr, “de fazer ruído por todas as partes”; o associacionismo juvenil, a ginástica como destreza física e emocional, a música, o canto, o teatro, os passeios e, uma vez mais, o brinquedo, a festa da vida cotidiana feita “liturgia de louvor”, segundo uma expressão de Pietro Stella.195

Era algo assim como unir o céu e a terra, o temporal e o eterno, o humano e o divino. E, logo mais adiante, entre os anos de 1877 e 1886, em clima de “missões estrangeiras”, tudo o que Dom Bosco integrou – nos conceitos de civilização e progresso, e nos binômios de evangelização e educação, de religião e cultura, de humanização e fé – em sua linguagem pedagógica e pastoral: o bem dos demais, a promoção das classes indígenas, o respeito às suas culturas, suas tradições, dentro de

“um movimento vasto como o mundo”!196

Estas são palavras suas que nos traz o Boletim Salesiano de agosto de 1877: falando dos cooperadores, imediatamente depois de sua aprovação por Pio IX, diz que se trata de uma maneira a mais de fazer o bem, porque temos de unir nossas forças a todos os que buscam fazer algo pelo bem da humani-dade e rezar para que o possam levar a cabo!

195 Pietro Stella, Valori spirituali nel Giovani Provveduto, p. 90-93.

196 Pietro Braido, Breve storia del Sistema Preventivo, p. 99.

Um grande horizonte para os olhos utópicos dos jovens: as grandes perspectivas do Reino de Deus a nosso respeito!197

Porém, Dom Bosco em seu realismo sempre voltava a insis-tir no cotidiano e, ao mesmo tempo, no amor como supremo princípio e método de toda obra boa e de todo processo edu-cativo: “recordem os detalhes, a amabilidade, as delicadezas do amor do Filho de Deus para com os pequenos”, os humildes e os pobres. “Façam-se amar e nunca temer, torno a repeti-lo.

Não esqueçam a bondade nos modos, ganhem os corações dos jovens por meio do amor”.198

O amor a Jesus Cristo, aceso na contemplação de sua vida e na piedade eucarística, fazia, deveras, como diz o livrinho tão querido a Dom Bosco A imitação de Cristo, que tudo fosse leve e que as cargas se tornassem amáveis. Porque “o que corre, se alegra, é livre” e sempre permanece vigilante para agradar ao Senhor em tudo, custe o que custar!199