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Clima comunitário e ambiental próprio da direção

2. Grandes horizontes do acompanhamento espiritual em

3.3 Clima comunitário e ambiental próprio da direção

Para Dom Bosco, não bastava a relação pessoal se não se dava um clima vital de “espiritualidade salesiana preventiva” no contexto imediato. Deste, a expressão mais significativa devia ser o momento do “diálogo”, ou “das contas de consciência”, como se chamava nas primeiras Constituições.

Na realidade, Dom Bosco também tinha múltiplas inicia-tivas na orientação e no acompanhamento da Congregação e da comunidade educativa do Oratório. Antes de tudo, como já o dissemos, estava o estímulo de sua própria presença. Logo depois, suas intervenções gerais nas boas-noites, conferências, reuniões dos conselhos, quer do geral quer do da casa, que muitas vezes tratavam das situações que se iam apresentando e do devir da vida cotidiana de Valdocco. Também os conselhos e “lembranças” aos diretores das casas,147 a atenção formativa aos jovens professos, a introdução às Constituições de 1875 a 1885, intitulada “Aos sócios salesianos”, destinada a motivar

147 São João Bosco, “Lembranças confidenciais aos diretores”. In: Antônio da Silva Ferreira, Não basta amar..., p. 105-116.

teologicamente o ambiente espiritual de seu instituto em as-pectos pontuais da Regra.148

Daí as Conferências Gerais que promovia anualmente, de 1862 até 1879, e das quais era diretor responsável padre Rua.

Nestas se expunha o estado geral da Sociedade Salesiana, de sua vida e de suas obras: aspectos espirituais e formativos, novas fundações, problemas que deviam ser resolvidos opor-tunamente e exigiam a corresponsabilidade de todos. Era um clima de formação permanente que culminava, em geral, com a festa de São Francisco de Sales. Delas participavam diretores e responsáveis pelas obras.

Algumas insistências foram muito significativas: o conheci-mento e o amor a Jesus Cristo e à própria vocação, a obediência filial e alegre. A atenção mais cuidadosa aos jovens, particular-mente aos que se debatiam em situações difíceis de pobreza e abandono; a caridade educativa e a formação da consciência moral dos rapazes. A importância da meditação e das boas leituras, o amor ao estudo e à disciplina, o emprego do teatro como meio pedagógico.

Outros assuntos se referiam às situações da vida ordinária:

murmuração destrutiva, que debilitava as energias e era causa da fragmentação da vida comum, cuidado da saúde, atenção às práticas religiosas e ao espírito de piedade, sacramentos, liturgia, celebrações festivas. A proximidade fraterna entre superiores e educandos, a recreação comum, que facilitava e dava um tom e uma coloração de lar à vida de família, a incidência positiva das boas-noites. E ainda o amadurecimento da afetividade e o cultivo das boas amizades, nas quais os rapazes se prestassem uma ajuda recíproca, sobretudo em sua vida escolar, espiritual e moral.

148 Cf. Constituições da Sociedade de São Francisco de Sales, precedidas da Introdução escrita pelo Fundador São João Bosco. São Paulo, Escolas Profis-sionais Salesianas, 1952, p. 3-57.

No clima de valores espirituais que se criava nas Conferên-cias, o Fundador expôs como era urgente elaborar as crônicas locais e começar a escrever uma verdadeira história da Sociedade Salesiana, na qual se fizesse ver a intervenção providencial do Senhor, por meio da Congregação, na Igreja. Tudo isso com um sentido de gratidão ao Senhor pelo bem que se fazia por meio da vida e do apostolado sacrificado dos irmãos e as renúncias e a abnegação excepcional dos missionários.

Padre Rua insistia seriamente, em 1877, sobre a necessidade de consolidar a união e a caridade fraterna nas casas e pergun-tava por que os alunos, em vez de nos amar, nos temiam. Isso colocava novamente em evidência a necessidade de fidelidade ao Sistema Preventivo e levava a uma séria análise do ambiente educativo dos colégios.

Poucos anos depois, Dom Bosco escreveria dois documentos a respeito: a “Carta sobre os castigos” (1883) e “Sobre o espírito de família” (1884), que levariam a rever particularmente o an-damento do Oratório de São Francisco de Sales em Valdocco, que até então tinha sido a “matriz” da pedagogia salesiana.149

As cartas e circulares do fundador, suas intervenções ocasio-nais nos diversos níveis, assim como os Exercícios Espirituais, eram importantes meios para manter as grandes linhas e cri-térios da vida religiosa e do espírito próprio da comunidade.

Também serviam para corrigir a tempo qualquer desvio ou abuso que se tivesse introduzido. Tudo se encaminhava, pois, para a animação espiritual da vida religiosa salesiana dentro de cuja tônica e de cujo ritmo se ia levando o acompanhamento espiritual dos religiosos e dos educandos.

Sobretudo os Exercícios Espirituais, que foram a escola por excelência da formação salesiana, davam a Dom Bosco a oportunidade excepcional de chegar às pessoas e aos

gru-149 Cf. “Carta circular sobre os castigos (atribuída a Dom Bosco)”, em Antônio da Silva Ferreira, Não basta amar..., p. 117-126; ibidem, “Duas cartas de Roma em 1884”, p. 86-101.

pos com oportunas propostas formativas, que mantinham vivas e exigentes neles as metas supremas da vida cristã e da profissão religiosa.

Às vezes as Conferências Gerais tinham algumas sessões públicas das quais podiam participar os formandos da Con-gregação e os alunos maiorzinhos dos Oratórios. O que não surpreende se vemos como já no Regulamento dos Retiros para Salesianos, elaborado no Capítulo Geral de 1883, Dom Bosco tinha feito redigir um artigo no qual se chamava particularmente a atenção dos diretores a fim de que se preocupassem para que, nos mesmos grupos de retiro dos salesianos, tomassem parte jovens maiores de suas casas, em vista do proveito de que estes também podiam desfrutar em sua vida cristã como no discer-nimento e nas opções de sua vocação.150

3.4 Valor da pessoa do dirigido e aptidões do mestre